Entrevista a Nelson Machado | Membro da Comissão Executiva do Grupo Ageas Portugal

O programa “No Poupar Está o Ganho” tem vindo a crescer, ano após ano, como prova o cada vez maior número de turmas, escolas e municípios envolvidos no projeto. Este crescimento só é possível graças a um alargado conjunto de parceiros e mecenas que se juntam à Fundação Dr. António Cupertino de Miranda (FACM) na missão de promover e estimular a literacia financeira nas faixas etárias mais jovens.

É com muito orgulho e entusiasmo que recebemos, no nosso projeto, um novo mecenas – o Grupo Ageas Portugal, em Portugal desde 2005, a apostar no país como um dos principais mercados onde pretende desenvolver-se, contribuindo para o desenvolvimento do país e da sociedade, ajudando os clientes a gerir, antecipar e proteger-se contra riscos e imprevistos.

Damos as boas-vindas ao Grupo Ageas Portugal com uma entrevista a Nelson Machado, membro da Comissão Executiva do Grupo.

 

Responsabilidade social

O que levou o Grupo Ageas Portugal a tornar-se mecenas do programa “No Poupar Está o Ganho”? Que aspetos diferenciadores identificaram no projeto?

Como instituição, temos o objetivo de maximizar o nosso impacto na comunidade, principalmente, na formação de futuros cidadãos e na sua preparação para os desafios e decisões financeiras que vão encontrar na sua vida. Por exemplo, entre 2018 e 2022, o Grupo Ageas Portugal promoveu o programa de literacia financeira “Ori€nta-te” com o intuito de promover a literacia nos percursos educativos das escolas, sensibilizando as camadas mais jovens para a necessidade de uma gestão mais informada para a poupança e preparação do seu futuro.

Nesse seguimento, decidimos assim continuar com este trabalho e aliámo-nos à Fundação Dr. António Cupertino de Miranda (FACM) para apoiar o programa “No Poupar Está o Ganho”, que tem vindo a incentivar a literacia financeira junto das escolas da zona norte e centro do país e que, agora, com a contribuição do Grupo Ageas Portugal, estende-se a novas regiões, como a Área Metropolitana de Lisboa.

Além do apoio e acompanhamento constantes ao longo da implementação de todo o projeto, existem outros aspetos diferenciadores que nos levaram a apoiar a iniciativa como a criatividade e relevância dos conteúdos criados, a existência de uma plataforma digital e conteúdos e-learning, a dotação de formação acreditada a professores, bem como a dinamização de eventos e ações inseridas na temática ao longo do programa, com feedback muito positivo dos estudantes. Acreditamos que esta parceria irá potencializar e alavancar resultados cada vez mais impactantes nos jovens e, consequentemente, a economia da população.

Segundo a sua experiência de que forma podem as empresas beneficiar com ações socialmente responsáveis?

As empresas beneficiarão sempre de uma sociedade ativa, atenta aos desafios e preparada para os encarar. Por essa razão, vejo como uma mais-valia para qualquer negócio prosperar a longo prazo, entender o que acontece em nosso redor. Neste tema em concreto, é fundamental olhar para os jovens de hoje como potenciais Colaboradores no futuro, e futuros ativos, preparando-os para serem capazes de tomar decisões financeiras informadas e focadas no seu futuro.

 

Seguros e educação

Os seguros são uma área fundamental do No Poupar Está o Ganho, levando esta temática até às escolas. Como vê esta ideia de as crianças começarem desde muito cedo a conhecer termos básicos da área dos seguros?

Dotar as crianças de conhecimento sobre seguros é cada vez mais importante, num mundo com riscos e perigos maiores e mais frequentes. É fundamental sensibilizar, desde as faixas etárias mais jovens, para a relevância da prevenção e ponderação sobre a melhor forma de assegurarem o seu bem-estar e conforto no futuro, sendo capazes de conjeturar sobre potenciais riscos e formas de os mitigar.

Acredita que é importante para formar futuros consumidores e até para influenciar positivamente os atuais consumidores, nomeadamente, as famílias?

Com certeza que sim.  As crianças têm uma forte influência, que pode ser bastante positiva, sobre as famílias, não só pelo seu entusiasmo sobre conhecimentos novos aprendidos nas aulas, mas também no que toca à vontade e motivação das próprias famílias de melhorarem o mundo para as próximas gerações.

Acreditamos que incluir a educação financeira nos projetos educativos das escolas contribui beneficamente para todos os envolvidos: professores, estudantes e encarregados de educação. É necessário capacitar os jovens para a tomada de decisões financeiras que, mais tarde ou mais cedo, chegarão às suas mãos.

Com esta parceria, o nosso intuito, enquanto Grupo segurador, não é formar futuros consumidores da nossa marca, mas sim formar cidadãos bem preparados, que vejam as vantagens e os benefícios de terem os seus bens e entes queridos protegidos, influenciando famílias e amigos, de forma a criar uma sociedade mais justa e saudável.

Tendo passado por vários cargos financeiros ao longo da sua carreira, em que circunstâncias e com que idade se começou a interessar por esta área? Sente que a educação, em idade escolar, o motivou nesse sentido?

Creio que houve duas fases fundamentais:

Uma primeira, muito empírica, e desde muito novo, que teve a ver com a educação que recebi, dos meus pais, em que existia uma grande preocupação com a Poupança, com a necessidade de se estar o menos possível dependente de alguém, seja Estado, Segurança Social ou outro, para poder viver dignamente.

Uma segunda fase, já com os meus 30 e poucos anos, em que começando a ter responsabilidades na área dos Fundos de Pensões, estudei e percebi a inevitabilidade de se complementar a, muito boa, componente da Segurança Social, com Poupanças Empresariais e Pessoais, dada a evolução inevitável e brutal da demografia.

 

Literacia e seguros

Já na generalidade da população portuguesa, como avalia a literacia na área dos seguros?

Segundo o estudo “Financial literacy for investors in the securities market in Portugal” da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o conhecimento financeiro dos Portugueses tem vindo a aumentar ao longo do tempo, constatando-se uma melhoria na generalidade. Contudo, há ainda muito caminho a percorrer e a área dos seguros continua a ser considerada por muitos como “um bicho de sete cabeças”.

Enquanto Grupo segurador, sentimos a responsabilidade de falar de forma simples e ajudar as pessoas a tomar decisões esclarecidas e ajustadas à proteção da sua vida e do que é importante para cada um.

Temos algumas iniciativas nesse âmbito, como é o exemplo do “Manual da Voz”, para as nossas equipas internas, que reúne regras, informações e exemplos práticos de como comunicar de forma clara, transparente e próxima das Pessoas, ou a rubrica de literacia “Descomplicar o Segurês!”, que viveu nas nossas redes sociais, nomeadamente, no LinkedIn e serviu para clarificar e ajudar a compreender conceitos que inevitavelmente fazem parte do nosso negócio. Temos ainda o exemplo da iniciativa da marca Ageas Seguros, o “Jogar p’lo Seguro com a Ageas”, nas manhãs da Rádio Renascença, dedicada a abordar o mundo dos seguros de forma simples e clara, explicando o seu funcionamento ao longo de todo o ciclo de vida do produto.

Qual a importância que a literacia na área dos seguros pode ter no atual contexto económico e social tão desafiante para os portugueses?

Quando estamos perante um cenário de maior literacia, seja económica ou financeira, tomam-se decisões mais conhecedoras e criteriosas quando se trata de gerir riscos e finanças pessoais, ao mesmo tempo que se promove o bem-estar individual e familiar. Os últimos anos têm sido bastante imprevisíveis, entre pandemias e guerras, vivemos grandes desafios e é cada vez mais importante que os Clientes escolham os seguros e respetivos serviços que mais se adaptam ao seu estilo de vida, de modo a canalizar os recursos de forma eficiente. Uma boa base de conhecimentos e literacia na área dos seguros e na área financeira é crucial para conseguir fazer uma boa avaliação das necessidades de poupança para o futuro.